Ordem social e controlo social


1. Explica porque não é óbvio se um dado comportamento seja padrão ou desviante em Sociologia, apesar de aos nossos olhos nos parecer uma classificação elementar.
O comportamento padrão é o que nós associamos aquilo que a generalidade das pessoas faz, não sendo, por isso, uma classificação assim tão elementar.


2. Mostra com dois exemplos do teu quotidiano que “todos nós tanto desrespeitamos regras como as seguimos, assim como também todos somos criadores de regras”.
Quando andamos na auto-estrada, normalmente respeitamos a regra de circular pela direita mas não respeitamos o limite de velocidade. Na escola tanto chegamos sempre a horas, como utilizamos o telemóvel na aula.


3. Relaciona a conformidade das mulheres com o papel que lhes foi atribuído pelo poder social dominante (masculino) com a sua literacia.
Como as mulheres não tinham a capacidade de ler e escrever como hoje têm (devido ao nível de escolaridade das mulheres na época), tinham menos informação e por isso acabavam por aceitar.


4. Mostra que indivíduos habitualmente conformistas, podem assumir comportamentos tidos por desviantes em situações extremas.

Um individuo ao sentir-se ameaçado com uma arma, pode assumir o comportamento desviante de matar essa pessoa.


6. Comenta a importância relativa dos grupos apresentados no controlo social em meios rurais relativamente aos centros urbanos. 
Nos meios rurais as pessoas reparam e são capazes de "controlar"



Papel social e Estatuto social em acção



1. "Identificar o aluno com o aprendente é impedi-lo de pensar o papel que os adultos lhe atribuem e o modo como o estudante vive esse papel; é esquecer que o "ofício" de aluno é consignado às crianças e aos adolescentes como um ofício "estatutário", do mesmo modo que um adulto é mobilizado pelo Estado para se apresentar perante o júri, ou para ingressar no exército.Juridicamente, o trabalho escolar está mais próximo dos trabalhos forçados que de uma profissão livremente escolhida. Uma fracção dos alunos faz da necessidade virtude e realiza, sem dificuldade, o seu percurso escolar; outros resistem abertamente e desencadeiam a fúria dos que lhe "querem bem"; outros, ainda, fingem aderir às regras do jogo".
Philippe Perrenoud, Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar

a) Confirma a tese do ofício "estatutário" de aluno consultando os artº 90º e 91º (p. 55) do Regulamento Interno. * Backup

Segundo o Regulamento Interno é esperado que cada aluno cumpra o seu papel social, tendo este deveres e direitos a cumprir.
O aluno deve ser assíduo, pontual e cumprir todas as atividades escolares propostas; respeitar todos os docentes, funcionários e colegas; empenhar-se no estudo em casa e realizar os trabalhos de casa, entre outros.
Além de ter deveres o aluno tem igualmente direitos: serem-lhe atribuídos períodos de descanso entre as atividades escolares; ser informado sobre todos os assuntos e actividades relacionadas e elaboradas pela escola; receber todos os trabalhos realizados, o mais rapidamente possível ; ter sempre direito à formação escolar, entre outros.
Deve-se considerar que um aluno que cumpra todos os seus deveres tenha o estatuto de “bom aluno”, mesmo que não tenha tão boas notas como os outros.


b) Explica porque uma fracção dos jovens “fingem aderir às regras do jogo”, 
utilizando a metáfora do ofício e os conceitos sociológicos apropriados.
A fracção dos jovens que “fingem aderir às regras do jogo” são os estudantes que pretendem demonstrar que são bons alunos e que têm interesse em aprender, contudo forçadamente, do modo que apenas vão à escola porque existe a lei da escolaridade obrigatória até aos 18 ou porque os pais os obrigam.

c) Identifica três grupos sociais no texto e classifica-os quanto ao conteúdo, amplitude e duração utilizando a classificação de GURVITCH.Estado: grupo suprafuncional, extenso e permanente.
Alunos: Grupo multifuncional, médio e temporário.
Adultos=Família: grupo multifuncional, reduzido e durável.




2. No início da entrevista de François Dubet (primeiras 5 linhas) este sociólogo francês refere como motivo para ter experimentado ser professor, a sua desconfiança relativamente a “um tipo de encenação um pouco dramática” que os professores fazem do seu trabalho.
Comenta esta encenação utilizando conceitos sociológicos.
O pesquisador François Dubet colocou-se no papel de um professor e percebeu que a maioria dos professores, para demonstrar que sabem disciplinar os seus alunos, não têm o hábito de divulgar o que se passa nas salas de aula que leciona, evitando conversar com outros professores sobre o assunto, com o objetivo de manter o seu estatuto social e não demonstrar a sua incapacidade de lidar com um diverso tipo de situações.
François Dubet insiste na inaptidão e incompetência de alguns professores que ao não conseguir lidar com as suas turmas culpam os seus próprios alunos, afirmando exageradamente que estes não têm vontade de trabalhar. Concluindo, o sucesso escolar é apenas conseguido com a cooperação de alunos e professores.




3. "No final das contas, achei que a descrição que os professores entrevistados faziam na pesquisa era bastante correcta.Realmente, a relação escolar é a priori desregulada. Cada vez que se entra na sala, é preciso reconstruir a relação: com este tipo de alunos, ela nunca se torna rotina. É cansativa, cada vez, é preciso lembrar as regras do jogo; cada vez, é preciso reinteressá-los, cada vez, é preciso ameaçar, cada vez, é preciso recompensar (...)"
Entrevista de François Dubet (pouco antes do meio)
Comenta a multiplicidade de papéis desempenhados por Dubet (investigador e professor) do ponto de vista:
a) do necessário distanciamento que a Sociologia exige ao investigador;
b) da necessidade que o investigador tem de compreensão da realidade para melhor a explicar. 
Embora analisemos melhor uma determinada realidade quando fazemos parte dela, para conseguir fazer uma análise científica mais aprofundada e melhor conseguida tem de haver um distanciamento para que o investigador fique numa posição independente, não ficando tão envolvido no problema.
Ser simultâneo, professor e investigador, permite que haja uma melhor capacidade de compreensão da realidade.




4. "Talvez eu pudesse dizer que sentia dificuldade [em ensinar sem stress] porque meu status social me permitia dizê-lo sem ter o sentimento de vergonha. Pode ser mais duro para um professor iniciante".
Entrevista de François Dubet
Explicita o conceito de estatuto adquirido, comentando Dubet.
Podemos definir estatuto adquirido como um estatuto que determinado individuo adquire por ter trabalhado numa preparação prévia para o exercício de determinada função. Este conceito levou François Dubet a afirmar que um professor com um histórico construído tem um estatuto adquirido para se apoiar devido aquilo que o seu emprego e historial lhe oferecem, coisa que um professor iniciante não tem, daí ser fácil para ele afirmar que sentia dificuldade em lecionar sem stress, ao contrário do professor iniciante.



*5. O estatuto social codifica padrões de comportamento.

a) Indica cinco padrões de comportamento associados aos bons alunos, partindo da amostra do livro Ser Bom Aluno, ‘Bora Lá?
Os padrões de comportamento associados aos bons alunos são: estudo regular, atenção nas aulas, esclarecimento de duvidas, não estudar nas vésperas dos testes, empenho e motivação na realização das tarefas.

b) Indica cinco comportamentos esperados de um bom professor, utilizando os testemunhos recolhidos por FELOUZIS.Os comportamentos esperados de um bom professor são, acima de tudo, que explique bem as matérias, que ajude as esclarecer as duvidas dos alunos, ser severo quando necessário e simpático, por respeito ao alunos e gostar de ensinar a sua matéria.



*6. Distingue as representações sociais do bom professor das expectativas do bom professor.

As representações sociais do bom professor são ideias comuns, da generalidade das pessoas, do senso-comum, como por exemplo: "É alguém que impõe as suas regras e se faz respeitar, ensina bem e não desilude os jovens." As expectativas do bom professor, ao contrário das representações sociais, têm conotação cientifica e um cálculo da sua importância. Segundo o quadro do link, as características mais importantes serão autoridade, clareza, amor e simpatia, conhecimentos e espírito aberto. Concluindo, a quantificação do peso de cada uma destas características, para os indivíduos, é o fator determinante para distinguir representações sociais de expetativas.



7. "(...) os professores mais eficientes são em geral aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser".
Final da Entrevista de François Dubet
Relacionando a argumentação de Dubet com a de Mollo, asocialização por antecipação será uma (1) decisão individual ou uma (2) resultante da interacção social? Justifica.

A socialização por antecipação é uma decisão individual, porque a pessoa é que irá decidir os estilos de vida a tomar, bem como os padrões de linguagem e comportamentos caracterizadores do grupo de referência.



Interacção social – O modelo dramatúrgico


1. Partindo da metáfora teatral, constrói os seguintes conceitos da sociologia goffmaniana:
a) representação;
É o ato de representar, de desempenhar papéis que os atores têm como função.

b) personagem;
As personagens são papeis representas pelos actores que encarnam essas figuras. 

c) actor;
É o indivíduo que irá representar/socializar, aquele que exprime-se ao criar uma personagem.

d) cena;
Espaço onde é apresentada a interação, onde é realizada a socialização.

e) máscara;
Quando estamos a falar de máscaras no sentido da metáfora teatral estamos a referir como uma pessoa representa vários "papeis" diferentes consoante a pessoa a que se dirige, como normalmente associamos às pessoas "falsas" e "cínicas", que são simpáticas à tua frente, mas nas tuas costas falam mal de ti. 

f) papel;
Como o próprio nome indica, é o papel que cada um tem na sociedade, mostrando uma determinada atitude e um determinado comportamento que este deseja.

g) fachada;
É o conjunto de elementos que permite ao "publico" identificar uma situação numa determinada cena.

h) cenário/palco;
Representa o lugar onde se realiza a interação de duas ou mais pessoas.

i) bastidores. Os bastidores são onde temos a nossa privacidade, onde não temos qualquer interação com o "público", ou seja, com o resto das pessoas.



2. Em Goffman abunda o espaço cénico, mas é menosprezado o tempo histórico das interacções:
Incorporando o espaço amplamente em sua reflexão teórica sobre as interações, o autor abre a possibilidade de questionarmos a abrangência teórica de sua abordagem. Suas concepções seriam aplicáveis apenas ao "nosso mundo urbano secular" (Goffman, [1956] 1967, p. 47)? Mas o que dizer dos dados etnográficos provindos de contextos sócio-históricos diferenciados, não apenas ocidentais? http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092008000300014

Aponta motivos para a Sociologia sentir necessidade de construir outros instrumentos conceptuais que expliquem os factos sociais. 

O primeiro motivo surge pelo facto do modelo Goffman estar associado á sociedade ocidental, anglo-americana e essa é razão o que faz com que essa teoria seja insuficiente bem definida para explicar as outras sociedades do oriente. O segundo motivo é que Goffman ignora alguns valores, contextos culturais. 



3. No quotidiano, nas interacções de face-a-face, o nosso corpo desempenha um papel crucial na forma como nos relacionamos com os outros. Um palco com, importância especial para cuidarmos do corpo é o consultório.

Como «regulador» da interacção [na consulta médica] há conjuntos de regras sociais, ou rituais, que são seguidos pelos indivíduos e que por eles foram interiorizados, a maior parte das vezes sem terem disso consciência. E porque todos os indivíduos representam em diferentes palcos durante a sua vida, desempenhando em cada palco diferentes papéis, somos orientados por diferentes regras que nos dizem como devemos actuar conforme as diferentes situações sociais em que nos situamos, segundo o nosso género, idade, cultura, profissão, etc.
Mas esta afirmação faz então prever que os actores que se encontram em palco «falam» a mesma linguagem,senão seria uma representação do absurdo, dononsense, não se poderia chamar a esse encontro uma interacção.
A consulta médica e as estratégias de negociação de um corpo saudável

Justifica porque se afirma que «gostar e ter confiança no seu médico equivale a meia cura».


Gostar e ter confiança no médico equivale a meia cura, porque temos mais abertura em falar sobre a nossa vida quotidiana para que o médico tenha hipóteses de descobrir que doença é, de onde pode ter vindo e a melhor cura para ela.



Interacção social - A desatenção civil


1. “Os brancos no sul dos Estados Unidos eram conhecidos no passado por fixar o olhar nos negros em ambientes públicos, reflectindo uma rejeição dos direitos dos negros de participarem de certas formas ortodoxas da interacção quotidiana com brancos”. (Goffman)
Refere a importância da desatenção civil para que cada um consiga fazer a sua vida.

A desatenção civil é importante para que cada um consiga fazer a sua vida, porque permite-nos, através do olhar, perceber se a outra pessoa tem uma intenção hostil quando se cruza connosco, permitindo-nos não nos sentirmos inseguros sobre o que é que essa pessoa nos poderá fazer.



2. Distingue a interacção focalizada da não focalizada e apresenta alguns exemplos.

A interacção focalizada ocorre quando os indivíduos prestam uma atenção directa ao que o outro diz ou faz. A interacção desfocalizada tem lugar sempre que, num dado contexto os indivíduos mostrem ter consciência mútua da presença dos outros. 



3. Refere a importância do corpo:
a) num contexto normal (de norma) de interacção, explicitando o conceito de estigma (*);

Num contexto normal (de norma) de interação o corpo é importante porque, quando nos encontramos nessa situação, a primeira impressão de uma pessoa em relação à outra é sempre o corpo, sendo que com isso acabamos sempre por dispor essa pessoa numa determinada categoria e a partir daí ficamos com uma ideia dessa pessoa.

b) imaginando um contexto de speed dating. (**)
Quando estamos num speed dating, o corpo torna-se relevante pois permite-nos com que fiquemos com uma ideia melhor ou pior em relação a essa, fazendo com que a passemos para a próxima pessoa ou não, ficando com uma ideia melhor ou pior sobre ela. se essa pessoa tiver melhor aspeto nós iremos querer conhece-la melhor, caso isso não aconteça iremos logo desinteressarmo-nos pela pessoa não dando importância a ela.



4. Justifica a diferença quando se encontram no elevador estranhos vs. amigos.

Quando nos encontramos num elevador com um estranho, a nossa tendência é não olhar diretamente nos olhos da pessoa, olhado para o teto e para as paredes; já quando nos encontramos num elevador com um amigo temos tendência a olhá-la nos olhos, interagindo com ela.